sábado, 26 de janeiro de 2008

Aracaju,Saúde PúblicaX Educação - por Vieira

SUMÁRIO





1 – INTRODUÇÃO..................................................................................02
2 – JUSTIFICATIVAS............................................................................02
3 – OBJETIVOS.......................................................................................03
4 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................03
5 – HIPÓTESES.......................................................................................12
6 – FONTES E METODOLOGIA.........................................................12
7 - CRONOGRAMA...............................................................................13
8 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................13
9 – ANEXOS.............................................................................................14


















1 – Introdução

Nesse trabalho tentarei mostrar um quadro que se agrava cada vez mais na saúde pública de Aracaju, e que precisa de medidas imediatas para sua solução. A violência cometida pelos usuários do Programa da Saúde da Família contra os funcionários desse mesmo programa. Mostraremos as reais causas dessa violência e as medidas que devem ser tomadas pelas autoridades competentes para acabar com esse problema, ou pelo menos minimizá-lo. A nossa pesquisa trabalhará, interdisciplinamente, com a antropologia, a sociologia e a psicologia, sendo que está situada no campo da História Social.
No segundo capítulo apresentarei minhas justificativas, demonstrando que a pesquisa é viável e importante, tanto para a comunidade acadêmica como para a social.
No terceiro capítulo demonstrarei os objetivos da presente pesquisa. No quarto capítulo falaremos do PSF no Brasil: sua criação em Cuba, sua implantação no Brasil, seus objetivos e suas melhorias. Além de conceituar “equipe de saúde da família” e dar seus objetivos. No quinto capitulo discorreremos a cerca da prestação de serviço do SUS e do PSF em Aracaju e as melhorias que foram implantadas. Nesse capitulo problematizaremos essa prestação de serviço. Lembrando que nesse capítulo faremos a nossa revisão bibliográfica, onde conversaremos com autores que nos serviram de base teórica para a realização desse trabalho. No sexto capítulo demonstraremos que uma das causas da violência no PSF é a falta de capacitação dos funcionários, e de educação dos usuários. Nos capítulo 7 e 8 apresentaremos, respectivamente, nossas hipóteses e nossas fonte e metodologia.

2 - Justificativas

Conforme veremos em outro capítulo desse projeto, existe uma lacuna de obras direcionadas para o enfoque proposto nesse projeto. Em nossa pesquisa verificamos alguns trabalhos referentes a violência contra funcionários da saúde, mas, não nos deparamos com nenhum estudo referente ao tema aqui proposto nesse espaçio-temporal.
O tema por nós proposto favorecerá elaboração de uma maior conscientização social acerca do problema evidenciado aqui. Uma vez que é muito pouco divulgado, trabalhos com esse tema entre os usuários do Programa de Saúde da Família.
O tema que nos propomos a pesquisar é perfeitamente viável. Apesar de não termos encontrado trabalho referente ao nosso tema - o que não quer dizer que não exista – no Brasil, existem diversas obras que debatem ou se aproxima do nosso tema. Há três anos, sou funcionário do PSF de Aracaju, trabalhando de segunda a sexta feira. Essa convivência diária com os funcionários e os usuários do PSF facilitará a observação, a pesquisa e a aplicação de questionários aos mesmos. Já adiantando que trabalharemos em conjunto com a sociologia e a antropologia.

3 – Objetivos

3.1 – Gerais:

Contribuir para o conjunto de estudos historiográficos sobre a violência contra os funcionários do PSF.
Esclarecer os reais motivos de tantas violências verbais e físicas sofridas pelos funcionários do PSF, por parte dos usuários desse programa.

3.2 – Específicos:

Conhecer a realidade rotineira dos participantes do PSF, através do convívio e da observação, relacionando esse conhecimento com o tema proposto.
Conscientizar os participantes do PSF, através da divulgação desse estudo entre eles, e contribuir para a diminuição ou erradicação da violência nesse programa.

4 - O Programa de Saúde da Família no Brasil.

O Ministério da Saúde criou, em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF). Seu principal propósito: reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.
A estratégia do PSF prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua. O atendimento é prestado na unidade básica de saúde ou no domicílio, pelos profissionais (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde) que compõem as equipes de Saúde da Família. Assim, esses profissionais e a população acompanhada criam vínculos de co-responsabilidade, o que facilita a identificação e o atendimento aos problemas de saúde da comunidade.
A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. A responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS.
A estratégia de Saúde da Família é um projeto dinamizador do SUS, condicionada pela evolução histórica e organização do sistema de saúde no Brasil. A velocidade de expansão da Saúde da Família comprova a adesão de gestores estaduais e municipais aos seus princípios. Iniciado em 1994, apresentou um crescimento expressivo nos últimos anos. A consolidação dessa estratégia precisa, entretanto, ser sustentada por um processo que permita a real substituição da rede básica de serviços tradicionais no âmbito dos municípios e pela capacidade de produção de resultados positivos nos indicadores de saúde e de qualidade de vida da população assistida.
A Saúde da Família como estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde tem provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no SUS. Busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações assistidas pelas equipes saúde da família.

4.1 - Equipes de Saúde da Família.

O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde. As equipes são compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental.
Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a 4 mil e 500 pessoas ou de mil famílias de uma determinada área, e estas passam a ter co-responsabilidade no cuidado à saúde. A atuação das equipes ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se: como porta de entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde; por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua responsabilidade; por intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta; por prestar assistência integral, permanente e de qualidade; por realizar atividades de educação e promoção da saúde. E, ainda: por estabelecer vínculos de compromisso e de co-responsabilidade com a população; por estimular a organização das comunidades para exercer o controle social das ações e serviços de saúde; por utilizar sistemas de informação para o monitoramento e a tomada de decisões; por atuar de forma intersetorial, por meio de parcerias estabelecidas com diferentes segmentos sociais e institucionais, de forma a intervir em situações que transcendem a especificidade do setor saúde e que têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e saúde dos indivíduos-famílias-comunidade.

5 - A Prestação de Serviço do SUS em Aracaju.

São vários os serviços oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), em nossa capital. Dentre eles citamos: Atendimento com médicos generalistas e especialistas (otorrino, pediatra, dermatologista, ortopedista, cirurgião geral, ginecologista, cardiologista, geriátricos, obstetras, oncologistas, pneumologista, endocrinologista, oftalmologista, neurologista, entre outros); serviço odontológicos nas unidades de saúde, e odontologia emergencial no Hospital da zona norte.
No CEMAR (Centro de Especialidades Medicas de Aracaju) da mulher, CEMAR Siqueira Campos e o CEMAR Augusto Franco, são oferecidos diversos serviços de especialidade a comunidade. Uma diversidade de exames também é oferecida ao público.
Na rede de urgência e emergência de Aracaju, nós temos o SAMU que funciona 24 horas por dia e, faz atendimento em toda capital, através do número 192. Essa rede conta ainda com o Hospital Santa Izabel, que oferece atendimento pediátrico 24 horas; com a urgência neuro-comportamental do Hospital São José, que oferece atendimento em psiquiatria e neurologia; com os Prontos Socorros do Hospital Cirurgia, Fernando franco e Nestor Piva, 24 horas por dia.
Na rede de atenção psicosocial nós temos os CAPS (Centro de Atenção Psicosocial). O objetivo dos CAPS é resocializar os pacientes com problemas mentais, tratando-os com liberdade, e aconselhando suas famílias nessa resocialização, abolindo dessa forma os manicômios e suas longas internações. Em Aracaju temos os CAPS Vida, Davi Capistrano, liberdade, Artur Bispo do Rosário e o CAPS primavera que é exclusivo para o tratamento de alcoólatras.
Na rede hospitalar o SUS oferece atendimento adulto e infantil nos Hospitais Santa Izabel e Santa Helena, na maternidade Hildete Falcão e na clínica Santa Helena.
Alguns programas de saúde são oferecidos a comunidade: Programa Mamãe Coruja, que orienta as mães e acompanha as crianças do nascimento ao desenvolvimento; Programa de Saúde da Mulher, que orienta e preveni o câncer de útero e das mamas, trabalha com o planejamento familiar e outros;Programas e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis;oferecendo informações, exames tratamentos e acompanhamento psicológico para os portadores de HIV, dentre outros programas.
A Rede Farmacêutica oferece medicamentos gratuitos para a população dentre eles, temos remédios para diabéticos, hipertensos, tuberculosos, hanseníase, esquistossomose, contraceptivo, medicamentos para saúde mental e para urgência e emergência, além de diversos medicamentos que são entregues nas unidades de saúde do PSF. Os medicamentos que não são oferecidos gratuitamente podem ser comprados por um preço bem reduzido na farmácia popular. É bom deixar bem claro que os serviços citados nesse capítulo são referentes aos oferecidos pelo poder municipal, não estamos falando no âmbito estadual.

5.1 - O PSF em Aracaju.

Em Aracaju a Rede de Atenção a Saúde da Família é composta por 43 unidades de saúde distribuídas estrategicamente em todo o município. Essas unidades trabalham com o Programa de Saúde da Família onde cada equipe é composta por médico, enfermeiro, assistente social, auxiliar de enfermagem, dentista e agente comunitário de saúde. Uma equipe se responsabiliza por uma média de 3 a 4 mil pessoas em cada área. Cada Unidade de Saúde da Família é responsável por um determinado território, portanto cada parte da cidade está sob responsabilidade de uma unidade de saúde. A rede de atenção à Saúde da Família funciona como “porta de entrada principal” no atendimento. Todo e qualquer tipo de atendimento em saúde pode ter início nesse sistema.
A equipe se responsabiliza pela saúde individual de cada usuário e também pela saúde da comunidade de sua área, avaliando os riscos a que essa população está exposta, e trabalhando para sua eliminação. Isso é feito, principalmente, pelo Agente Comunitário de Saúde. Esse profissional segue uma agenda de visitas às famílias assistidas para acompanhamento.
O acesso do paciente a Rede é feito pelas Unidades de Saúde do PSF. O paciente fala sua necessidade que vai ser avaliada por um profissional competente e, se for urgente, será atendido no mesmo dia, o que é chamado de acolhimento. Caso possa esperar, sua consulta vai ser marcada para depois. Com a consulta marcada, a pessoa será atendido por um médico generalista que vai conversar, fazer perguntas e analisar o caso. Outra forma de acessar os serviços da Atenção à Saúde da Família é se o paciente tiver alguma doença crônica, como hipertensão ou diabetes, ou ainda se estiver grávida, seu atendimento é agendado de acordo com o protocolo do Programa que a assiste.
Nas unidades do PSF são oferecidos os seguintes serviços: consultas com médicos generalistas, consultas com pediatras, atendimento odontológico, acompanhamento com enfermeira de saúde da família, assistente social e agentes comunitários de saúde, visitas domiciliares, aplicação de aerosol, vacinas e curativo e atendimento de emergência.
No PSF as informações relativas ao paciente quanto a autorização de consultas e exames são todas informatizadas através do TAS. O terminal de atendimento a saúde é um mecanismo eletrônico que ajuda a gerenciar o sistema informativo da Saúde de maneira mais eficiente.
Ele é um equipamento dedicado, ou seja, usado somente para registrar os dados de saúde da população de Aracaju. O TAS é instalados em todos os pontos de atendimento do sistema de saúde no município de Aracaju.

5.2 - Problematizando do Programa de saúde da Família em Aracaju.



No início desse capítulo listamos os serviços oferecidos pelo SUS municipal. Nesse tópico problematizaremos a prestação desses serviços, e relacionaremos a questão com outros autores.
Discordamos do Dr. Rogério Carvalho Santos, ex secretário da saúde do município e atual secretário da saúde do estado, quando em sua obra “Saúde Todo Dia: uma construção coletiva”, ele sugere que o SUS e consequentemente o PSF em Aracaju, caminham para a excelência, lhes faltando pouco para isso. Naturalmente o autor estava vendendo o seu peixe, uma vez que em a sua obra foi lançada quando ainda era secretário municipal. Pois bem, vejamos pelos olhos de quem convive e participa diretamente com as questões do PSF em Aracaju, o nosso olhar sendo que nos voltaremos principalmente para os serviços prestados pelo PSF.
Para ser consultado por um médico generalista, o paciente passa antes pelo acolhimento, trata-se de um acolhimento personalizado feito por um enfermeiro ou por um auxiliar de enfermagem, onde o usuário expressa suas necessidades, a partir dessa necessidade ele pode ser atendido no mesmo dia ou ser agendado para outro dia. O problema da questão é que, quando a agenda do médico está completa, e isso acontece porque as equipes do PSF não são suficientes para atender bem a população de Aracaju, o paciente é agendado para um período muito longo. Revoltado com a demora da consulta, é comum o paciente reagir com agressão verbal contra o responsável pelo acolhimento. Já presenciei e já fui agredido dessa forma. Agora daremos alguns exemplos dessas agressões sofridas rotineiramente pelos funcionários. Certo dia, ao informar a paciente que não estava agendando consultas por causa da agenda lotada, a paciente chamou a mim e a todos os funcionários de vagabundos. Ainda por conta da agenda lotada, uma senhora me xingou com vários palavras obscenas, foi necessário chamar o guarda para minha segurança.
Outra vez, um rapaz queria derrubar a porta do consultório da médica, quando soube que não seria atendido, foi contido pelo segurança e usuários. O mais grave que já presenciei, foi quando uma enfermeira veio chorando me pedir que ficasse de segurança, porque estava sendo ameaçada por um usuário; e uma auxiliar de enfermagem que levou uma tapa na cara de uma usuária porque não agendou a mesma.
Outro serviço oferecido pelo SUS, são as consultas de especialidades e exames. No PSF, o médico de acordo com a necessidade do paciente, encaminha-os para médicos especialistas e para realizar exames. Algumas especialidades e exames mais simples são logo autorizados. Agora, os exames mais complexos (mais caro) e algumas especialidades como oftalmologista, dermatologistas, fisioterapeuta e outros, a espera é de até três meses. Essa demora desespera o usuário que, lança sua ira no funcionário do setor de autorização de consultas e exames. É comum esses funcionários receberem xingamento, dedo na cara e ameaça por parte dos usuários. Esses funcionários administrativos estão na linha de frente e, são vistos como culpados, pelas falhas das autoridades municipais da saúde. O usuário, não podendo atingir o estado que presta os serviços de saúde, ver os funcionários, que representam esse estado, e nele despeja sua revolta.
Mais uma vez terei que discordar de Santos, quando diz nessa mesma obra, citada anteriormente, que as consultas e exames são agilizados a pedido dos médicos. As reclamações são várias a esse respeito, até os médicos se queixam dessa demora. Quanto a essa questão daremos alguns exemplos. Presenciei o drama de uma médica por causa dessa questão. Ela tinha pedido uma consulta urgente para um oftalmologista, para uma criança. Várias vezes pediu ao gerente da unidade da saúde para agilizar a consulta da criança. A consulta da criança não foi agilizada, o problema da criança se agravou ao ponto dela perder a visão de um olho. Quem é o culpado? Para a mãe da criança a médica é a culpada. Pensando assim, essa usuária chegou na unidade dizendo: “ cadê aquela vagabunda que deixou o olho do meu filho cegar?”, a discussão se prolongou o constrangimento foi grande, sorte da médica que tinha seus pedidos todos por escritos, se não o sistema também a culparia. Esses exemplos citados aqui são apenas uma pequena mostra da violência sofrida pelos funcionários do PSF.
Aplicamos questionários em 5 unidades de saúde do PSF(Hugo Gurgel, Antônio Alves, Augusto Franco, Augusto César Leite e Elizabeth Pita), todos nessa capital. Os questionários foram aplicados a 65 funcionários e 100 usuários das respectivas unidades, no período de 02 a 12 de janeiro de 2007. As pessoas não precisaram se identificar, para que não tivessem receio de falar a verdade. Sabemos que a pesquisa de campo foi muito restrita, uma vez que, em Aracaju, existem 44 unidades de saúde do PSF, e a pesquisa foi realizada em apenas 5 dessas unidades. Os questionários foram aplicados a médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, auxiliares de dentistas, auxiliares administrativos e agentes de saúde. Pretendemos que, futuramente, a pesquisa possa ser abrangida a todas as unidades do PSF, a todos os funcionários desse programa e a um número bem maior de usuários desse programa, para assim obtermos números mais exatos. Mas, entendemos que a pesquisa é uma boa ferramenta para nossos argumentos, e segundo os métodos estatísticos refletem a realidade, com uma pequena margem de erro.
Ver tabelas e questionários em anexo.
A tabela 1 demonstra o nível de gravidade existente nas unidades de saúde, já que, quase 100% dos funcionários referem ter sofrido algum tipo de violência por parte do usuário. A tabela 2 mostra os motivos que levam os usuários a praticarem a violência contra os funcionários. Deixando claro que as principais causas da violência estão relacionadas com o mau atendimento, ou seja, a falta de capacitação do funcionário para atender melhor os usuários, e com a demora na autorização de exames e consultas especializadas. A tabela 3 mede o nível de satisfação do funcionário. Demonstrando que a soma de ruim e regular é quase sempre superior a soma de bom e ótimo, isso quer dizer que, o funcionário não está satisfeito e isso pode refletir no atendimento ao paciente. A tabela 4 nos mostra que os usuários encontram-se insatisfeitos, principalmente, com a demora na autorização de exames e consultas especializadas, e são esses os principais motivos de tanta violência no Programa de Saúde da Família.
Os números deixam claro que é necessário melhorar urgentemente alguns aspectos referentes ao PSF, aspectos esses que já foram discorridos nesse trabalho.
Apesar de não concordar com a excelência SUS em Aracaju, tenho que concordar com o Dr. Rogério C. Santos, quando diz que houve grandes melhorias do PSF no período 2000-2006. Realmente houve melhorias como: concurso público para aumentar o quadro de funcionário, aumento de salário, maior capacitação, melhor condição de trabalho, reforma de 90% das unidades de saúde etc. Lamentamos que o que foi feito não suficiente para tornar satisfeitos, usuários e funcionários, e para acabar com essa relação de conflitos diários entre eles.


6 - Saúde Pública x Educação.

Um dos males da nossa saúde pública é a pouca ou nenhuma capacitação dos funcionários. Mas a saúde pública não é feita somente por funcionários, mas por usuários que por falta de uma educação consistente, reflexo do meio social em que vivem, não sabem exigir seus direitos, nem cumprir os seus deveres. O conjunto desses fatores educacionais cria um ambiente de agressão mútua.
Boa parte dos funcionários da saúde pública são pessoas despreparadas para lidar com o público, por falta de capacitação ou de educação. E não me refiro aqui a educação acadêmica, ou escolar, pois muitos desses funcionários a possuem. Além do mais, sabemos que a educação acadêmica não é sinônimo da verdadeira educação. O que chamo aqui de verdadeira educação, é a educação humana, a bondade, o prazer em cuidar de pessoas necessitadas e carentes. A capacitação profissional é imprescindível para que o funcionário desempenhe bem suas funções. É necessário cursos de reciclagem constantes para todos os funcionários. Infelizmente isso não acontece no PSF. O PSF oferece cursos regulares para profissionais médicos e enfermeiros, mas esquece que os agentes de saúde, os auxiliares de enfermagem, os auxiliares administrativos e outros, também precisam de capacitação. Para esses funcionários a capacitação não é freqüente, nem comum. Porém, esses funcionários são os que matem os primeiros contatos com os usuários, é a porta de entrada da unidade de saúde e a partir deles tem início o atendimento. Sendo assim, por que esses funcionários não são capacitados da mesma forma que os médico e enfermeiros? São considerados menos importantes do que os médicos e enfermeiros? Ou são auto didatas? Como a segunda opção é impossível nos resta a primeira. É necessário mais cursos de capacitação, e que eles sejam abrangidos a todos os funcionários.
Os usuários são partes integrantes da saúde pública, e também colaboram para o caos educacional vigente nessa área. Submetidos a um sistema social cruel que lhes oferece poucas oportunidades de adquirir uma boa educação, e a educação que me refiro agora è a educação escolar. Não conhecem bem os seus direitos, para exigi-los de forma adequada, nem os seus deveres, a fim de cumprirem e exercerem assim sua plena cidadania. Essas deficiências educacionais por parte dos servidores e dos usuários da saúde pública, cria um quadro de agressões mútuas, que vai de agressões verbais às agressões físicas, podendo chegar até a morte, como foi o caso da médica do INSS, assassinada pelo usuário por indeferir o seu processo de aposentadoria.
Dois pontos são imprescindíveis para melhorar essa situação, e os dois estão estritamente relacionados com a educação. Um deles é oferecer uma educação escolar de boa qualidade, que forme pessoas capazes de exercer plenamente sua cidadania, o outro ponto é contratar funcionários que sejam realmente comprometidos com a saúde das pessoas e que exerçam sua profissão com humanidade.




7 - Hipóteses


A falta de capacitação dos funcionários do PSF para um atendimento mais humanitário acaba irritando o usuário, que por falta de educação, lhe imposta pelo sistema social, reage com violência.
A má prestação de alguns serviços do PSF, principalmente a demora na autorização de alguns exames e consultas especializadas, desespera o usuário, que reage contra o Sistema de Saúde, sem poder atingi-lo, agride o funcionário, representante desse Sistema.

8 - Fontes e Metodologia

O nosso trabalho articula-se diretamente com a história oral, uma vez que utilizamos e utilizaremos as técnicas referentes a esse campo da história, para recolher uma série de entrevistas, e assim obter informação dos participantes do PSF. Trabalharemos, também, em conjunto com a antropologia, a sociologia e a psicologia, já que utilizaremos técnicas e métodos referentes a essas áreas, como por exemplo: a observação, o convívio e a aplicação de questionários. Esses métodos são possíveis, pois, como já disse, trabalho oito horas, diariamente, na unidade de saúde Hugo Gurgel, no bairro coroa do meio, em Aracaju. Também foi feita uma pesquisa bibliográfica, de onde utilizaremos algumas obras para dialogarmos, além de artigos, revistas e fontes eletrônicas.












9 – CRONOGRAMA


Atividades
Novembro
dezembro
Janeiro
Fevereiro
Tema
X



Fontes de Pesquisa
X



Objetivos
X



Justificativas

X


Hipóteses

X


Metodologia

X
X
X
Fundamentação teórica

X
X
X
Cronograma



X
Referências
X
X


Título
X



Digitação do Projeto



X
Entrega do Projeto



X


Referências Bibliográficas:

BARROS, José D’Assunção. O Projeto de Pesquisa em História: da escolha do tema ao quadro teórico. Petrópolis: Vozes, 2005. 190p.
LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico. 2 ed. São Paulo: Atlas. 1987. 79p.
Revista da Secretaria municipal da Saúde. Guia Saúde da Família. Março 2006, ano 1- n.1.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Cientifica: guia para eficiência nos estudos. 2 ed. São Paulo: Atlas S.A, 1996.144p.
SANTOS, Rogério Carvalho. Saúde Todo Dia: uma construção coletiva. São Paulo: Hucitec. 2006. 239p
SILVA JÚNIOR, A.G. Modelos Tecnoassistenciais em Saúde: o debate no campo da saúde coletiva. São Paulo: Hucitec. 1998.
VERENA, Alberti. História Oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro: Editor da Fundação Getúlio Vargas, 1990. 174p.
www.wikipédia .com.br. acesso em 03 de fevereiro de 2007.
Site oficial do ministério da saúde. Acesso em 02 de fevereiro de 2007.
www.aracaju.se.gov..br/saúde. acesso em 04 de fevereiro de 2007

















ANEXOS
















TABELA 1
TIPO DE VIOLÊNCIA SOFRIDA PELO FUNCIONÁRIO

DE 65

TIPO DE VIOLÊNCIA PRATICADA PELO USUÁRIO

DE 100

VERBAL
60
VERBAL
69
FISICA
03
FÍSICA
02
AMEAÇAS
35
AMEAÇAS
13
NÃO SOFREU VIOLÊNCIAS
05
NÃO PRATICOU VIOLÊNCIAS

31

TABELA 2
MOTIVO DA VIOLÊNCIA
SOFRIDA PELO FUNCIONÁRIO

DE 65
MOTIVO DA VIOLÊNCIA
PRATICADA PELO USUÁRIO

DE 100
MAU ATENDIMENTO PRESTADO
10
ATENDIMENTO RECEBIDO
37

CULPA DO TAS*


31
DEMORA EM AUTORIZAR
CONSULTAS E EXAMES

51

FALTA DE EDUCAÇÃO DO USUÁRIO
24
IGNORA
12
TAS*(Terminal de Atendimento SUS) serviço de atendimento informatizado, responsável pela autorização de exames e consultas especializadas.









TABELA 3
NIVEL DE SATISFAÇÃO DO FUNCIONÁRIO PARA COM


DE 65


R
Rg
B
O
SITUAÇÃO SALARIAL
47
15
03
00
TRATAMENTO RECEBIDO PELA SMS
19
31
11
04
CURSOS DE CAPACITAÇÃO
21
23
17
04
R = ruim Rg = regular B = bom O = ótimo
SMS = Secretaria Municipal da Saúde

TABELA 4
NÍVEL DE SATISFAÇÃO DO USUÁRIO PARA COM
DE 100

R
Rg
B
O
ESPERA DE CONSULTAS E EXAMES
49
28
23
00
ESTRUTURAS DOS PREDIOS
15
25
51
09
ATENDIMENTO DOS FUNCIONÁRIOS
19
33
39
09
R = ruim Rg = regular B = bom O = Ótimo















QUESTIONÁRIO APLICADO AOS USUÁRIOS DO PSF.

1 – Você já praticou alguma violência contra funcionários do PSF? Se sim especifique.
( )sim ( )não

Violência verbal ( )

Violência física ( )

Ameaça ( )

2 – Quais os motivos que o levou a praticar a violência?

Mau atendimento dos funcionários ( )

Demora na autorização de consultas e exames ( )

Ignora ( )
3 – aponte seu nível de satisfação com as questões abaixo:

Atendimento dos funcionários ( )R ( )Rg ( )B ( )O

Demora na autorização de consultas e exames ( )R ( )Rg ( )B ( )O

Estrutura dos prédios ( )R ( )Rg ( )B ( )O
R=ruin
Rg= regular
B= bom
O= ótimo




QUESTIONÁRIO APLICADO AO FUNCIONÁRIO DO PSF

1 – V0cê já sofreu algum tipo de violência por parte do usuário do PSF? Se sim especifique.
( ) sim ( )não
Violência verbal ( )sim ( )não

Violência física ( )sim ( )não

Ameaças ( )sim ( )não

2 – Aponte os motivos que na sua opinião leva o usuário a praticar a violência contra o usuário.
Mau atendimento dos funcionários ( )sim ( )não

Demora na autorização de consultas e exames ( )sim ( )não

Falta de informação e educação do usuário ( )sim ( )não
3 – Aponte seu nível de satisfação com as questões abaixo.
Situação salarial ( )R ( )Rg ( )B ( )O

Tratamento que recebe da SMS ( )R ( )Rg ( )B ( )O

Capacitação por parte da SMS ( )R ( )Rg ( )B ( )O
R= ruin
Rg= regular
B= bom
O= ótimo
SMS= Secretaria Municipal da Saúde













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